CONCURSO CORRENTES D´ ESCRITA
Há muitos, muitos anos atrás, num país distante, viviam três amigos: a Dona Agulha, o Senhor Tintas e o Senhor Notas.
A dona Agulha, costureira distraída, picava-se frequentemente, nunca acertava nas medidas, o que fazia com que as senhoras lhe batessem à porta, diariamente. Ela não necessitava de colares valiosos, pois tinha sempre uma fita métrica ao pescoço (mas não a sabia utilizar!!). A sua roupa estava recheada de remendos porque, quando cortava as bainhas dos vestidos das clientes, sem querer, estragava a sua roupa. Para a escolha dos tecidos pedia os conselhos ao seu amigo pintor…
O Senhor Tintas andava sempre de boina e de bata. Os seus bolsos estavam cheios de pincéis. Ele era tão desarrumado que quando pintava, tropeçava nos baldes de tinta, sujando as telas e deixando um rasto por toda a casa e por onde passava.
O maestro, o Senhor Notas, vestia um fraque preto, uma gravata vermelha e usava óculos na ponta do nariz. Já tinha dirigido várias orquestras, mas foi sempre despedido porque adormecia a meio do espectáculo. Como ele era dorminhoco, o bombo estava sempre a seu lado para o acordar.
Os defeitos dos três amigos eram tão graves que impediam que eles arranjassem emprego. Por essas razões, as senhoras recusavam os serviços da costureira; a nobreza não aceitava os retratos do pintor; todos os músicos se opunham à direcção do maestro.
Um dia, os três companheiros reuniram-se, lamentando os seus problemas. Decidiram viajar pelo mundo fora para descobrir pessoas que os aceitassem com as suas imperfeições.
Pelo caminho, pararam num território muito distante, chamado País das Meias Rotas. Este intitula-se assim, porque houve uma época em que sempre que as pessoas colocavam a sua roupa a secar, um animal desconhecido ia roer as meias, mas só as meias! Tal aconteceu durante algum tempo e como o país ainda não tinha nome, passou a chamar-se assim.
Nesse país havia muitas florestas, algumas montanhas, rios e riachos. A sua principal riqueza era a madeira, devido à grande densidade de florestas. As pessoas eram simpáticas e calmas, mas tinham um ar triste e aborrecido, pois não encontravam solução para impedir que as suas meias fossem estragadas.
Um dia, a Dona Agulha ouviu um dos habitantes a comentar o sucedido e procurou mais informações. Assim, dirigiu-se ao Rei dessa nação para lhe propor os seus serviços, pois considerava que poderia ser uma grande ajuda. Mas este, sabendo da sua fama, mostrou-se inquieto e pouco convencido. No entanto, o maestro e o pintor prometeram apoiar a colega realizando alguns trabalhos para o reino: o maestro entretinha o rei com uma música e o pintor aproveitou para pintar toda a fachada do palácio com meias coloridas para lhe provar que o seu problema não era assim tão grave.
Sabendo do seu pouco jeito na costura, a Dona Agulha lembrou-se de ir directamente à questão do problema: descobrir esse animal desconhecido para não permitir que ele continuasse a roer as meias. Como o rei estava entretido com os seus amigos, ela teria algum tempo para resolver o assunto.
Assim, a costureira encaminhou-se para a floresta e quando já estava a desistir, reparou na toca de um castor, junto ao rio com um monte de meias à entrada. Radiante, por ter descoberto o malandro, explicou-lhe a razão da sua vinda e pediu-lhe para deixar de fazer tantos estragos; em troca prometeu-lhe a oferta de todas as meias que os habitantes já não utilizavam. O castor, depois de reflectir durante algum tempo, considerou que era uma boa proposta, pois assim deixaria de ter de se esconder.
Quando regressou ao palácio, a dona Agulha informou que o problema já estava resolvido e que estaria à disposição dos habitantes para coser todas a meias rotas. A população já estava tão cansada de coser, que passou a entregar todas as suas meias à então célebre costureira. Apesar de continuar a ser muito distraída, os habitantes não se chateavam, pois ela tinha conseguido afastar o castor.
O Rei do País da Meias Rotas estava felicíssimo, pois a população estava alegre e o seu palácio nunca tinha sido tão belo. Assim, relatou as dificuldades que um país vizinho estava a passar e aconselhou os três amigos a conhecê-lo: era o País sem Cor.
Na verdade, este país só tinha como cores: o branco e o preto, até as roupas das pessoas ou a natureza, não tinham cores. Os habitantes relataram aos três amigos, que uma tempestade, com trovões e muita chuva, tinha tirado toda a cor do país.
O Senhor Tintas achou que poderia ajudar este reino que tinha um aspecto tão melancólico e que seria uma grande oportunidade para ele, desta vez, provar a todos que teria também qualidades.
A primeira dificuldade do pintor foi arranjar tintas, pois não existiam naquele país. No entanto, tinha reparado num arco-íris que não deixava o horizonte do País Sem cor, desde a terrível tempestade. Assim, solicitou ao rei o uso de um balão quente que era utilizado em dias de festa, na altura em que todos eram felizes.
Subiu até ao arco-íris e encheu todos os baldes possíveis, com as diversas cores. Aproveitando que estava nas alturas, despejou os baldes de tinta pelo céu e estas foram caindo sobre todo o território. Apesar do seu jeito tão desastrado, o pintor conseguiu devolver alegria a toda a população, enchendo o país de cor e de luz. Com isso, a natureza despertou, as flores voltaram a nascer e a encher o ambiente de vida.
O rei ficou muito admirado e agradecido pelo Senhor Tintas ter conseguido fazer tal proeza. Como recompensa, ofereceu-lhe o cargo de ministro do novo reino que acabava de nascer: O País da Cor.
Depois de tantos feitos realizados pela Dona Agulha e pelo Senhor Tintas, o maestro sentiu-se angustiado e começava a acreditar que realmente não tinha qualidades.
Foi então, que o pintor que se tinha tornado famoso, numa viagem, teve conhecimento que o Rei do País da Música estava em risco de perder o seu poder, pois a os seus habitantes tocavam e cantavam de forma desordenada, provocando grandes discórdias.
Quando o Senhor Notas soube desta história, resolveu logo viajar para esse país, para demonstrar a todos que também conseguiria vencer.
Era um país muito animado, pois todas as pessoas falavam a cantar. Toda a população tocava diversos instrumentos. No entanto, como não tinham ninguém para os dirigir, o que deveria ser melodioso, tornava-se num ruído desafinado e insuportável que impedia qualquer um de adormecer. Até o nosso querido maestro, ao chegar, teve de dispensar o bombo pois já não corria o risco de dormir.
Com tanto barulho, pegou na sua batuta e começou a orientar a população de forma a não tocarem ou cantarem todos ao mesmo tempo.
De repente, os seus gestos fizeram o que ninguém já não acreditava: transformaram o barulho em melodias encantadoras.
A partir desse dia, o Senhor Notas deixou de ter tempo para dormir, pois tinha de realizar concertos de hora em hora e por vezes até viajava para outros países.
Apesar de todos os seus defeitos, os três companheiros conseguiram provar que tinham capacidades para auxiliar as pessoas.
Por essa razão, explicavam a todos os povos que encontravam nas suas aventuras, que em vez de apontar os defeitos dos nossos próximos, devemos dar-lhes oportunidades de provar as suas capacidades, aproveitando todas as suas imperfeições.
Os três amigos uniram as suas forças em busca de um futuro perdido…
Texto escrito pelos alunos do 4º Ano, de Oriz S. Miguel
A dona Agulha, costureira distraída, picava-se frequentemente, nunca acertava nas medidas, o que fazia com que as senhoras lhe batessem à porta, diariamente. Ela não necessitava de colares valiosos, pois tinha sempre uma fita métrica ao pescoço (mas não a sabia utilizar!!). A sua roupa estava recheada de remendos porque, quando cortava as bainhas dos vestidos das clientes, sem querer, estragava a sua roupa. Para a escolha dos tecidos pedia os conselhos ao seu amigo pintor…
O Senhor Tintas andava sempre de boina e de bata. Os seus bolsos estavam cheios de pincéis. Ele era tão desarrumado que quando pintava, tropeçava nos baldes de tinta, sujando as telas e deixando um rasto por toda a casa e por onde passava.
O maestro, o Senhor Notas, vestia um fraque preto, uma gravata vermelha e usava óculos na ponta do nariz. Já tinha dirigido várias orquestras, mas foi sempre despedido porque adormecia a meio do espectáculo. Como ele era dorminhoco, o bombo estava sempre a seu lado para o acordar.
Os defeitos dos três amigos eram tão graves que impediam que eles arranjassem emprego. Por essas razões, as senhoras recusavam os serviços da costureira; a nobreza não aceitava os retratos do pintor; todos os músicos se opunham à direcção do maestro.
Um dia, os três companheiros reuniram-se, lamentando os seus problemas. Decidiram viajar pelo mundo fora para descobrir pessoas que os aceitassem com as suas imperfeições.
Pelo caminho, pararam num território muito distante, chamado País das Meias Rotas. Este intitula-se assim, porque houve uma época em que sempre que as pessoas colocavam a sua roupa a secar, um animal desconhecido ia roer as meias, mas só as meias! Tal aconteceu durante algum tempo e como o país ainda não tinha nome, passou a chamar-se assim.
Nesse país havia muitas florestas, algumas montanhas, rios e riachos. A sua principal riqueza era a madeira, devido à grande densidade de florestas. As pessoas eram simpáticas e calmas, mas tinham um ar triste e aborrecido, pois não encontravam solução para impedir que as suas meias fossem estragadas.
Um dia, a Dona Agulha ouviu um dos habitantes a comentar o sucedido e procurou mais informações. Assim, dirigiu-se ao Rei dessa nação para lhe propor os seus serviços, pois considerava que poderia ser uma grande ajuda. Mas este, sabendo da sua fama, mostrou-se inquieto e pouco convencido. No entanto, o maestro e o pintor prometeram apoiar a colega realizando alguns trabalhos para o reino: o maestro entretinha o rei com uma música e o pintor aproveitou para pintar toda a fachada do palácio com meias coloridas para lhe provar que o seu problema não era assim tão grave.
Sabendo do seu pouco jeito na costura, a Dona Agulha lembrou-se de ir directamente à questão do problema: descobrir esse animal desconhecido para não permitir que ele continuasse a roer as meias. Como o rei estava entretido com os seus amigos, ela teria algum tempo para resolver o assunto.
Assim, a costureira encaminhou-se para a floresta e quando já estava a desistir, reparou na toca de um castor, junto ao rio com um monte de meias à entrada. Radiante, por ter descoberto o malandro, explicou-lhe a razão da sua vinda e pediu-lhe para deixar de fazer tantos estragos; em troca prometeu-lhe a oferta de todas as meias que os habitantes já não utilizavam. O castor, depois de reflectir durante algum tempo, considerou que era uma boa proposta, pois assim deixaria de ter de se esconder.
Quando regressou ao palácio, a dona Agulha informou que o problema já estava resolvido e que estaria à disposição dos habitantes para coser todas a meias rotas. A população já estava tão cansada de coser, que passou a entregar todas as suas meias à então célebre costureira. Apesar de continuar a ser muito distraída, os habitantes não se chateavam, pois ela tinha conseguido afastar o castor.
O Rei do País da Meias Rotas estava felicíssimo, pois a população estava alegre e o seu palácio nunca tinha sido tão belo. Assim, relatou as dificuldades que um país vizinho estava a passar e aconselhou os três amigos a conhecê-lo: era o País sem Cor.
Na verdade, este país só tinha como cores: o branco e o preto, até as roupas das pessoas ou a natureza, não tinham cores. Os habitantes relataram aos três amigos, que uma tempestade, com trovões e muita chuva, tinha tirado toda a cor do país.
O Senhor Tintas achou que poderia ajudar este reino que tinha um aspecto tão melancólico e que seria uma grande oportunidade para ele, desta vez, provar a todos que teria também qualidades.
A primeira dificuldade do pintor foi arranjar tintas, pois não existiam naquele país. No entanto, tinha reparado num arco-íris que não deixava o horizonte do País Sem cor, desde a terrível tempestade. Assim, solicitou ao rei o uso de um balão quente que era utilizado em dias de festa, na altura em que todos eram felizes.
Subiu até ao arco-íris e encheu todos os baldes possíveis, com as diversas cores. Aproveitando que estava nas alturas, despejou os baldes de tinta pelo céu e estas foram caindo sobre todo o território. Apesar do seu jeito tão desastrado, o pintor conseguiu devolver alegria a toda a população, enchendo o país de cor e de luz. Com isso, a natureza despertou, as flores voltaram a nascer e a encher o ambiente de vida.
O rei ficou muito admirado e agradecido pelo Senhor Tintas ter conseguido fazer tal proeza. Como recompensa, ofereceu-lhe o cargo de ministro do novo reino que acabava de nascer: O País da Cor.
Depois de tantos feitos realizados pela Dona Agulha e pelo Senhor Tintas, o maestro sentiu-se angustiado e começava a acreditar que realmente não tinha qualidades.
Foi então, que o pintor que se tinha tornado famoso, numa viagem, teve conhecimento que o Rei do País da Música estava em risco de perder o seu poder, pois a os seus habitantes tocavam e cantavam de forma desordenada, provocando grandes discórdias.
Quando o Senhor Notas soube desta história, resolveu logo viajar para esse país, para demonstrar a todos que também conseguiria vencer.
Era um país muito animado, pois todas as pessoas falavam a cantar. Toda a população tocava diversos instrumentos. No entanto, como não tinham ninguém para os dirigir, o que deveria ser melodioso, tornava-se num ruído desafinado e insuportável que impedia qualquer um de adormecer. Até o nosso querido maestro, ao chegar, teve de dispensar o bombo pois já não corria o risco de dormir.
Com tanto barulho, pegou na sua batuta e começou a orientar a população de forma a não tocarem ou cantarem todos ao mesmo tempo.
De repente, os seus gestos fizeram o que ninguém já não acreditava: transformaram o barulho em melodias encantadoras.
A partir desse dia, o Senhor Notas deixou de ter tempo para dormir, pois tinha de realizar concertos de hora em hora e por vezes até viajava para outros países.
Apesar de todos os seus defeitos, os três companheiros conseguiram provar que tinham capacidades para auxiliar as pessoas.
Por essa razão, explicavam a todos os povos que encontravam nas suas aventuras, que em vez de apontar os defeitos dos nossos próximos, devemos dar-lhes oportunidades de provar as suas capacidades, aproveitando todas as suas imperfeições.
Os três amigos uniram as suas forças em busca de um futuro perdido…
Texto escrito pelos alunos do 4º Ano, de Oriz S. Miguel
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