quinta-feira, 27 de maio de 2010

À PROCURA DE UM FUTURO PERDIDO...







CONCURSO CORRENTES D´ ESCRITA
Há muitos, muitos anos atrás, num país distante, viviam três amigos: a Dona Agulha, o Senhor Tintas e o Senhor Notas.
A dona Agulha, costureira distraída, picava-se frequentemente, nunca acertava nas medidas, o que fazia com que as senhoras lhe batessem à porta, diariamente. Ela não necessitava de colares valiosos, pois tinha sempre uma fita métrica ao pescoço (mas não a sabia utilizar!!). A sua roupa estava recheada de remendos porque, quando cortava as bainhas dos vestidos das clientes, sem querer, estragava a sua roupa. Para a escolha dos tecidos pedia os conselhos ao seu amigo pintor…
O Senhor Tintas andava sempre de boina e de bata. Os seus bolsos estavam cheios de pincéis. Ele era tão desarrumado que quando pintava, tropeçava nos baldes de tinta, sujando as telas e deixando um rasto por toda a casa e por onde passava.
O maestro, o Senhor Notas, vestia um fraque preto, uma gravata vermelha e usava óculos na ponta do nariz. Já tinha dirigido várias orquestras, mas foi sempre despedido porque adormecia a meio do espectáculo. Como ele era dorminhoco, o bombo estava sempre a seu lado para o acordar.
Os defeitos dos três amigos eram tão graves que impediam que eles arranjassem emprego. Por essas razões, as senhoras recusavam os serviços da costureira; a nobreza não aceitava os retratos do pintor; todos os músicos se opunham à direcção do maestro.
Um dia, os três companheiros reuniram-se, lamentando os seus problemas. Decidiram viajar pelo mundo fora para descobrir pessoas que os aceitassem com as suas imperfeições.
Pelo caminho, pararam num território muito distante, chamado País das Meias Rotas. Este intitula-se assim, porque houve uma época em que sempre que as pessoas colocavam a sua roupa a secar, um animal desconhecido ia roer as meias, mas só as meias! Tal aconteceu durante algum tempo e como o país ainda não tinha nome, passou a chamar-se assim.
Nesse país havia muitas florestas, algumas montanhas, rios e riachos. A sua principal riqueza era a madeira, devido à grande densidade de florestas. As pessoas eram simpáticas e calmas, mas tinham um ar triste e aborrecido, pois não encontravam solução para impedir que as suas meias fossem estragadas.
Um dia, a Dona Agulha ouviu um dos habitantes a comentar o sucedido e procurou mais informações. Assim, dirigiu-se ao Rei dessa nação para lhe propor os seus serviços, pois considerava que poderia ser uma grande ajuda. Mas este, sabendo da sua fama, mostrou-se inquieto e pouco convencido. No entanto, o maestro e o pintor prometeram apoiar a colega realizando alguns trabalhos para o reino: o maestro entretinha o rei com uma música e o pintor aproveitou para pintar toda a fachada do palácio com meias coloridas para lhe provar que o seu problema não era assim tão grave.
Sabendo do seu pouco jeito na costura, a Dona Agulha lembrou-se de ir directamente à questão do problema: descobrir esse animal desconhecido para não permitir que ele continuasse a roer as meias. Como o rei estava entretido com os seus amigos, ela teria algum tempo para resolver o assunto.
Assim, a costureira encaminhou-se para a floresta e quando já estava a desistir, reparou na toca de um castor, junto ao rio com um monte de meias à entrada. Radiante, por ter descoberto o malandro, explicou-lhe a razão da sua vinda e pediu-lhe para deixar de fazer tantos estragos; em troca prometeu-lhe a oferta de todas as meias que os habitantes já não utilizavam. O castor, depois de reflectir durante algum tempo, considerou que era uma boa proposta, pois assim deixaria de ter de se esconder.
Quando regressou ao palácio, a dona Agulha informou que o problema já estava resolvido e que estaria à disposição dos habitantes para coser todas a meias rotas. A população já estava tão cansada de coser, que passou a entregar todas as suas meias à então célebre costureira. Apesar de continuar a ser muito distraída, os habitantes não se chateavam, pois ela tinha conseguido afastar o castor.
O Rei do País da Meias Rotas estava felicíssimo, pois a população estava alegre e o seu palácio nunca tinha sido tão belo. Assim, relatou as dificuldades que um país vizinho estava a passar e aconselhou os três amigos a conhecê-lo: era o País sem Cor.
Na verdade, este país só tinha como cores: o branco e o preto, até as roupas das pessoas ou a natureza, não tinham cores. Os habitantes relataram aos três amigos, que uma tempestade, com trovões e muita chuva, tinha tirado toda a cor do país.
O Senhor Tintas achou que poderia ajudar este reino que tinha um aspecto tão melancólico e que seria uma grande oportunidade para ele, desta vez, provar a todos que teria também qualidades.
A primeira dificuldade do pintor foi arranjar tintas, pois não existiam naquele país. No entanto, tinha reparado num arco-íris que não deixava o horizonte do País Sem cor, desde a terrível tempestade. Assim, solicitou ao rei o uso de um balão quente que era utilizado em dias de festa, na altura em que todos eram felizes.
Subiu até ao arco-íris e encheu todos os baldes possíveis, com as diversas cores. Aproveitando que estava nas alturas, despejou os baldes de tinta pelo céu e estas foram caindo sobre todo o território. Apesar do seu jeito tão desastrado, o pintor conseguiu devolver alegria a toda a população, enchendo o país de cor e de luz. Com isso, a natureza despertou, as flores voltaram a nascer e a encher o ambiente de vida.
O rei ficou muito admirado e agradecido pelo Senhor Tintas ter conseguido fazer tal proeza. Como recompensa, ofereceu-lhe o cargo de ministro do novo reino que acabava de nascer: O País da Cor.
Depois de tantos feitos realizados pela Dona Agulha e pelo Senhor Tintas, o maestro sentiu-se angustiado e começava a acreditar que realmente não tinha qualidades.
Foi então, que o pintor que se tinha tornado famoso, numa viagem, teve conhecimento que o Rei do País da Música estava em risco de perder o seu poder, pois a os seus habitantes tocavam e cantavam de forma desordenada, provocando grandes discórdias.
Quando o Senhor Notas soube desta história, resolveu logo viajar para esse país, para demonstrar a todos que também conseguiria vencer.
Era um país muito animado, pois todas as pessoas falavam a cantar. Toda a população tocava diversos instrumentos. No entanto, como não tinham ninguém para os dirigir, o que deveria ser melodioso, tornava-se num ruído desafinado e insuportável que impedia qualquer um de adormecer. Até o nosso querido maestro, ao chegar, teve de dispensar o bombo pois já não corria o risco de dormir.
Com tanto barulho, pegou na sua batuta e começou a orientar a população de forma a não tocarem ou cantarem todos ao mesmo tempo.
De repente, os seus gestos fizeram o que ninguém já não acreditava: transformaram o barulho em melodias encantadoras.
A partir desse dia, o Senhor Notas deixou de ter tempo para dormir, pois tinha de realizar concertos de hora em hora e por vezes até viajava para outros países.
Apesar de todos os seus defeitos, os três companheiros conseguiram provar que tinham capacidades para auxiliar as pessoas.
Por essa razão, explicavam a todos os povos que encontravam nas suas aventuras, que em vez de apontar os defeitos dos nossos próximos, devemos dar-lhes oportunidades de provar as suas capacidades, aproveitando todas as suas imperfeições.
Os três amigos uniram as suas forças em busca de um futuro perdido…

Texto escrito pelos alunos do 4º Ano, de Oriz S. Miguel

terça-feira, 18 de maio de 2010

Francisco de Sá de Miranda, o poeta cidadão!



Teatro



A Vida de Sá de Miranda - As Lições do Tonecas (Imitação)

Professor – Silêncio!... Hoje vamos falar de um grande homem!
Tonecas – Sei, sim senhor. Quanto tem de altura?
Professor – Está a mangar comigo, Tonecas? Vamos falar de Francisco de Sá de Miranda. Ora preste atenção: este homem nasceu em Coimbra! Filho do cónego Gonçalo Mendes de Sá e de Dª Inês de Melo.
Tonecas – Perdão, perdão!... cónego deve estar mal pronunciado. Lá em casa, a minha mãe diz para o meu pai que o co-né-go da Sé podia ter sido meu padrinho!, para me ensinar Latim.
Professor – Mas o Tonecas estará a mangar comigo outra vez?! Menino, ouça, porque o professor, aqui, sou eu! Eu disse cónego, CÓNEGO!, que é uma espécie de sacerdote, um padre, entendeu, seu desalmado?!
Tonecas – (Chora). Posso não ser bom aluno, mas sou bom católico, vou à missa ao domingo e ao sábado. E vou à catequese à hora de almoço.
Professor – (Irónico) À hora de almoço!... com que então é por isso que chega atrasado às aulas da tarde!...
Tonecas – É por isso mesmo, sr. professor. Acertou em cheio.
(A parte ) Que bela desculpa que arranjei!
Professor – Prossigamos. Sá de Miranda, licenciou-se em Direito, pela Universidade de Lisboa.
Tonecas – Muito obrigado, senhor professor, mas direito ando eu a frequentar todos os dias na catequese. A minha mãezinha até diz para o meu pai: "Ó Silvestre, o nosso Tonecas anda tão direito, que nem parece o mesmo!"
Professor – Não é isso! Não é nada disso! Sá de Miranda escolheu direito para exercer a profissão de advogado, ouviu, menino Tonecas?
Tonecas – Esse Sá de Miranda… não tinha mais que fazer?!
Professor – Sim. Efectivamente tinha. Logo após a morte de seu pai, foi para Itália, onde conviveu com os mestres de uma nova corrente: a renascentista.
Tonecas – Ai, que bom! Eu gosto tanto de histórias! Mas essa é muito estranha. Há correntes de ar frio, há as correntes do Norte!... Eu nunca tinha ouvido falar na corrente renascentista!
Professor – Ora preste atenção: a corrente renascentista quer dizer que se fez renascer, voltar a viver, aquilo que tinha sido tão importante para a humanidade: a valorização do homem e da natureza, numa visão empírica e científica!
Tonecas – Apoiado, muito bem!... Boa resposta, sim, senhor!...
Professor – E agora prossigamos com a nossa lição!…
Tonecas – Ó senhor professor, não poderíamos ficar por aqui?...
Professor – Claro que não! Amanhã vamos realizar uma ficha de avaliação com este assunto. (Pequena pausa) Sá de Miranda regressou a Portugal em 1526 e trouxe consigo as novas técnicas de escrita, introduzindo em Portugal a corrente renascentista.
Tonecas – Outra vez “a corrente renascentista”! Senhor professor, não me fale mais em correntes que eu não sou nenhum cão!
Professor – Toneeecas!, não me ponha a rosnar!
Tonecas – Senhor professor, prossigamos!
Professor – Das formas poéticas que trouxe e que mais sucesso fez foi o soneto: um poema de 14 versos, duas quadras e dois tercetos!
Tonecas – (De braço no ar, a pedir a palavra, desata a falar sem autorização) Uma das quadras conheço: é a quadra natalícia!
Professor – Não se trata dessa quadra, meu paralelepípedo!... AAAAh! Desculpe, Tonecas, mil perdões! Uma quadra é um conjunto de versos!...
Eu hoje vou consigo à catequese e peço à catequista para me deixar explicar melhor este assunto das quadras.
Tonecas – Não é necessário, eu já percebi tudo! (A parte) Este quer desmascarar-me!
Professor – O rei apreciava os escritos do poeta, pagava-lhe para animar os saraus poéticos da corte, mas Sá de Miranda, homem culto e íntegro, afastou-se para as terras do Minho, Vila Verde e, por fim, Amares, para se proteger da hipocrisia que reinava na corte, à volta do rei. Preferiu o amanho da terra, a música, a poesia e defender o povo desprotegido! Grande Homem, como o admiro! (Vagueia).
Tonecas – Eu acho que o senhor professor se enganou quando disse Minho: não seria Milho? Com esta crise, é mais importante o milho!...
Professor – Nem só do pão vive o homem, menino Tonecas. A alma também precisa de alimento e esse há muito que está em crise.
Tonecas – Senhor professor, que alimento é esse que me quer dar para a alma? (muito curioso!)
Professor – A leitura, é a leitura que nos alimenta a alma, o nosso espírito…
Tonecas – AAAAAH! Agora percebo! (Chora) (E, por fim, lamenta-se:)“eu sou um desalmado". (volta a chorar)
Professor – Pronto, menino Tonecas, é tão novo… ainda está a tempo de a salvar!... De salvar a sua alma…
(Faz-se um silêncio momentâneo)
Tonecas – (Alegrando-se) A esperança é a última a morrer!
Professor – Este poeta, conhecido pelo poeta do Neiva, por ter vivido numa quinta oferecida pelo Rei, uma comenda, portanto, em Duas Igrejas, junto ao rio Neiva, em Vila Verde, foi muito admirado por todos.
Tonecas – Por mim, não foi! Exclua-me, senhor professor! Exclua-me dessa lista!
Professor – Tonecas, qual lista? Falta pouco para acabar a aula, esforce-se por estar finalmente atento. Sá de Miranda nasceu a 28 de Agosto de 1481.
Tonecas – Senhor professor, ele era casado? Tinha alguma filha?
Professor – Casou com Dª Briolanja de Azevedo, com quem teve dois filhos: Gonçalo e Jerónimo.
Tonecas - Casou com Dª Laranja?! Senhor professor, essa senhora não seria de Amares, terra da boa laranja?!
Professor – Tonecas, estou farto de si! A aula acaba por hoje! Desapareça!
Tonecas - Desculpe, senhor professor! Eu prometo que amanhã, durante a ficha de avaliação, se vier para a minha beira, vou-lhe dar ouvidos!
Senhor professor, sabe o que me contaram à hora de almoço?
Professor - O que foi, Tonecas!...
Tonecas - Contaram-me, na barbearia do Zé da Pipa, que Sá de Miranda depois da morte do seu filho Gonçalo, em Ceuta, nunca mais cortou a barba, nem o cabelo, nem as unhas! Será verdade?
Professor - Não acredite em tudo o que ouve, menino Tonecas!
Tonecas – Bem faço eu em não o ouvir a si, não acha?!
(O Tonecas sai disparado da sala de aula e o professor, que o ameaça, fica a rir das palhaçadas do aluno).
Professor – (Em forma de desabafo) Ai, Tonecas! Vou morrer santo só de o aturar!


Escrito por Teresa Soares
(17 de Maio de 2010)

Esta peça de teatro vai a palco a 19 de Maio de 2010, como trabalho de articulação entre a BE CRE e a sala de aula, neste caso, com o 4º ano da professora Ilda Neto.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O que é a Literacia?


O que é a literacia!

Por literacia entendemos uma combinação de competências e de conhecimentos que torna o indivíduo capaz de dominar todo o tipo de mensagens, independentemente do suporte. "(…) ser capaz de ler não define a literacia no complexo mundo de hoje. O conceito de literacia inclui a literacia informática, a literacia do consumidor, a literacia da informação e a literacia visual… Por outras palavras, os adultos letrados devem ser capazes de obter e perceber a informação em diferentes suportes. Além do mais, compreender é a chave. Literacia significa ser capaz de perceber bem ideias novas para as usar quando necessárias. Literacia significa saber como aprender”.


STRIPLING, Barbara K., ERIC,1992, in CTAP Information Literacy Guidelines K-12

sábado, 1 de maio de 2010

A TODAS AS MÃES!

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Poema à Mãe!

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No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...

Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal..."

Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...

Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...

Eugénio de Andrade