segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A PRINCESA E O SAPO

Ilustração feita pela Eliana Pereira.
Ilustração feita pelo Marco Silva.

Ilustração feita pela Érica Fernandes.

Alunos da profª Patrícia (1º ano/ Atães)



A PRINCESA E O SAPO

Há muito tempo, quando os desejos funcionavam, vivia um rei que tinha filhas muito belas. A mais jovem era tão bela que o sol, que já viu muito, ficava atónito sempre que iluminava o seu rosto.
Perto do castelo do rei, existia um bosque grande e escuro, no qual havia um lago sob uma velha árvore.
Quando o dia era quente, a princesinha ia ao bosque e sentava-se junto à fonte. Quando se aborrecia, pegava na sua bola de ouro para jogar. Essa bola era o seu brinquedo favorito. Porém, aconteceu que, uma das vezes que a princesa jogou à bola, esta caiu directa na água.
A princesa viu como ela ia desaparecendo no lago, que era profundo, tanto que não se via o fundo. Então começou a chorar cada vez mais e não se consolava; de tanto se lamentar alguém ouviu e disse-lhe:
- Que te aflige, princesa? Choras tanto que até as pedras sentiriam pena!
Olhou o lugar de onde vinha a voz e viu um sapo a colocar a sua enorme e feia cabeça fora da água.
- Ah! és tu, sapo - disse.

- Estou a chorar porque a minha bola de ouro caiu no lago.
- Calma, não chores - disse o sapo - posso ajudar-te; contudo, que me darás se te devolver a bola?
- O que quiseres, querido sapo - disse ela - as minhas roupas, as minhas pérolas, as minhas jóias, a coroa de ouro que levo.
O sapo retorquiu:
- Não me interessam as tuas roupas, as tuas pérolas nem as tuas jóias, nem a tua coroa. Mas prometes deixar-me ser o teu companheiro e brincar contigo, sentar ao teu lado na mesa, comer em teu pratinho de ouro, beber de teu copinho de prata e dormir na tua cama? Se me prometeres isto, eu descerei e trarei a tua bola de ouro!
- Oh! Sim- repondeu ela – prometo-te tudo o que quiseres se me devolveres a minha bola.

Entretanto pensou “Fala como um tolo. Tudo o que faz é sentar-se na água com outros sapos a coaxar. Não pode ser companheiro de um ser humano!”.
O sapo, uma vez confirmada a promessa, meteu a cabeça na água e mergulhou. Pouco depois, voltou nadando com a bola na boca, lançando-a na grama. A princesinha estava encantada de ver o seu precioso brinquedo outra vez! Colheu-a e saiu a correr com a bola.
- Espera, espera - disse o sapo - leva-me contigo. Não posso correr tanto como tu!
De nada serviu coaxar atrás dela tão forte quanto pôde. Ela não o escutou e correu para casa, esquecendo o pobre sapo, que se viu obrigado a voltar ao lago outra vez.
No dia seguinte, quando ela sentou à mesa com o rei e toda a corte, estava comendo no seu pratinho de ouro e algo veio se arrastando:
“ splash, splish splash” - pela escada de mármore.
Quando chegou ao alto, chamou à porta e gritou:
- Princesa, jovem e bela princesa, abre a porta.
Ela correu para ver quem estava lá fora. Quando abriu a porta, o sapo sentou-se diante dela e a princesa bateu a porta. Com pressa, tornou a sentar, mas estava muito assustada. O rei deu-se conta de que o seu coração batia violentamente e disse:
- Minha filha, por que estás tão assustada? Há algum gigante aí fora que te quer levar?
- Ah! Não - respondeu ela - não é um gigante, senão um sapo.
- O que quer o sapo de ti?

Contos, fábulas e historinhas: O Príncipe Sapo
- Ah! querido pai, estava a jogar no bosque, junto ao lago, quando a minha bola de ouro caiu na água. Como gritei muito, o sapo devolveu-ma e, porque insistiu muito, prometi-lhe que seria meu companheiro; porém nunca pensei que ele seria capaz de sair da água.
Entretanto o sapo chamou à porta outra vez e gritou:
- Princesa, jovem princesa, abre a porta. Não te lembras do que me disseste junto ao lago?
Então o rei acrescentou:
- Aquilo que prometeste, deves cumprir. Deixa-o entrar.
Ela abriu a porta, o sapo saltou e seguiu-a até à sua cadeira. Sentou-se e gritou:
- Sobe-me contigo.
Ela ignorou-o, até que o rei lhe ordenou que o levasse. Uma vez que o sapo estava na cadeira, quis sentar na mesa. Quando subiu, disse:
- Aproxima o teu pratinho de ouro, porque devemos comer juntos!
Ela fê-lo, porém via-se que não era de boa vontade. O sapo aproveitou para comer, enquanto ela enjoava a cada bocado. Em seguida, disse o sapo:
- Comi e estou satisfeito, mas estou cansado. Leva-me para o teu quarto, prepara tua caminha de seda para dormirmos juntos.
A princesa começou a chorar porque não gostava da ideia de que o sapo ia dormir na sua preciosa e limpa caminha. O rei aborreceu-se e repreendeu a princesa, sua filha:
- Não devias desprezar àquele que te ajudou quando tinhas problemas.
Assim, ela pegou no sapo com dois dedos e levou-o para cima, mas deixou-o num canto. Quando estava na cama, o sapo arrastou-se até ela e informou-a:
- Estou cansado, eu também quero dormir, sobe-me senão conto ao teu pai.
A princesa ficou, então, muito aborrecida.
- Cale-se, bicho odioso - vociferou ela.
- Quero um beijo de boa noite – pediu-lhe o sapo.
Ela beijou-o e ele transformou-se num príncipe de preciosos olhos. Por desejo de seu pai, ele passou a seu companheiro e marido. Ele contou como havia sido encantado por uma bruxa malvada e que ninguém poderia livrá-lo do feitiço excepto ela. Também disse que no dia seguinte iriam todos juntos ao seu reino. Foram dormir e, na manhã seguinte, quando o sol os despertou, chegou uma carruagem puxada por 8 cavalos brancos com plumas de avestruz na cabeça. Estavam enfeitados com correntes de ouro. Atrás estava o jovem escudeiro do rei, Henrique. Henrique havia sido tão desgraçado quando seu senhor foi convertido em sapo que colocou três faixas de ferro rodeando o seu coração, para se acaso estalasse de pesar e tristeza.
A carruagem ia levar o jovem rei ao seu reino. Henrique ajudou-os a entrar e subiu atrás de novo, cheio de alegria pela libertação e, quando já chegavam a fazer uma parte do caminho, o filho do rei escutou um ruído atrás de si como se algo tivesse quebrado. Assim, deu a volta e gritou:
- Henrique, o carro está a romper-se.
- Não, meu amo, não é o carro. É uma faixa no meu coração; coloquei-a por causa da minha grande dor quando eras sapo e prisioneiro do feitiço.
Duas vezes mais, enquanto estavam no caminho, algo fez ruído e cada vez mais o filho do rei pensou que o carro estava a romper. No entanto, eram apenas as faixas que estavam a desprender-se do coração de Henrique, porque o seu senhor estava livre e era feliz.


(Fábula)

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